Estratégia AHSA
O potencial do Perímetro de Rega do Mira e os desafios que lhe são colocados, levaram a AHSA
a ser tão clara e abrangente quanto possível relativamente à definição dos seus objetivos
estratégicos.
Desde cedo eles se pautaram pelo primado da Economia (com o sistema de Governança que a norteia), das Pessoas e do Ambiente.
Estes princípios estão de resto em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
definidos pelas Nações Unidas e com os fundamentos ESG que tendencialmente definirão o rumo das empresas.
Esta revisão do documento estratégico de 2021-2023 confirma em grande medida os princípios
já antes estipulados, afinando-os por via das atualizações a que o tempo inevitavelmente conduz
e chamando à evidência a necessidade de um reforço financeiro da Associação se pretendermos
que a mesma impacte definitivamente o Sudoeste Alentejano.
Economia e Governança
Com uma área regada de pouco mais de 50% do PRM, uma ineficiência conduzindo a mais de
40% de água perdida e uma desadequação dos limites do perímetro por via do crescimento
urbano e da evolução tecnológica dos sistemas de rega, é manifesta a necessidade de otimização
do potencial da economia da região.
Apesar destas limitações, a agricultura representa 60% do valor aqui acrescentado e os 6 a 7000
hectares regados conduzem à exportação de 15% das frutas, legumes e flores dirigidas ao mercado externo.
Uma ação decisiva sobre a disponibilidade de água pela reparação e modernização da rede, um
alargamento da área pressurizada e uma afluência de água de novas fontes a Santa Clara,
transfigurarão a região e transformarão um défice nacional da balança de pagamentos de frutas,
legumes e flores, num confortável superavit.
Perfilando-se o Alqueva como a primeira e mais previsível fonte de nova água a chegar a este
território, a incerteza quanto à evolução das alterações climáticas deverá obrigar a que sistemas
mais caros mas mais fiáveis e duradouros como a dessalinização não saiam da ordem do dia.
Também o tantas vezes negligenciado e pouco estudado mundo das águas subterrâneas, deve
continuar a fazer parte da equação não apenas no que respeita ao seu uso potencial mas
também ao seu reforço como reserva estratégica de futuro.
O sistema de governança do território não é no entanto menos relevante do que a água e tem
sido ele próprio fonte de frustrações, atrasos e desistências dos operadores que pretendendo
investir de novo ou simplesmente melhorar as suas explorações, se veem bloqueados.
Um contributo sistemático no alerta das autoridades para estes bloqueios e na proposta de
formas alternativas de atuação devem continuar a fazer parte integrante da nossa missão.
A AHSA deverá também ter cada vez mais um papel de esclarecimento do contributo da
agricultura para a região e para o país. Uma comunicação objetiva, atempada e evolutiva
contribuirá para desfazer preconceitos dos media e da população em geral que tantas vezes sem razão têm estigmatizado Odemira.
Atuar nestes três eixos que se interligam e potenciam, fará com que as taxas de crescimento
económico e de bem-estar definitivamente acelerem.
Pessoas
As pessoas são, em qualquer atividade, o elemento determinante do seu sucesso.
O mesmo se aplica a nível macro, numa região como a nossa.
O crescimento da atividade económica trouxe consigo um aumento de população no Município
com destaque para a população migrante.
Hoje representando mais de 35% da população total, o sucesso da sua integração será não só o
sucesso do território como se traduzirá na sua convivência com a população local.
De entre as variadas carências que o território apresenta, a habitação ocupa um lugar de
destaque.
A AHSA dedicou 3 anos de esforços intensos para conseguir a possibilidade de alojamentos nas
quintas, assim mitigando parte do problema.
A AHSA terá de se envolver a partir de agora na luta pela legislação dos alojamentos coletivos
urbanos de natureza temporária e na pressão continuada com a aceleração das oportunidades
de construção permanente em meio urbano.
A par da habitação outros serviços deverão acompanhar o crescimento acelerado da população
e a multiplicidade de nacionalidades que aqui chegaram e continuam a chegar: saúde, educação,
mobilidade, higiene pública são apenas alguns dos aspetos a reforçar.
Sendo estes de natureza eminentemente pública, a AHSA considera ter um papel a
desempenhar na integração da comunidade migrante, como elemento facilitador de
diagnósticos e acelerador de decisões e de intervenção.
A mobilidade, essencial para o bem-estar das pessoas e a eficiência das empresas, foi pela AHSA
escolhida como uma das batalhas em que poderemos ter um importante impacto.
Ambiente
A diversidade deste território resulta, a par das diferenças de paisagem com que a Natureza a
dotou, do impacto que sobre ela teve a delimitação do Parque Natural mas também do mosaico
variado de empresas e culturas que aqui se instalaram.
Este último aspeto com estádios diferentes de consciência ambiental por parte dos operadores
económicos, colocou sobre a AHSA a responsabilidade de nivelar por cima essa consciência.
Será pois papel e desígnio da associação a promoção de foros de comunicação entre empresas,
dinamizados por aquelas em cuja missão a biodiversidade revela já hoje maior relevância e
sempre que possível enquadradas e apoiados pela Academia.
A relação com as autoridades não é no entanto menos importante.
Também entre os vários organismos e dentro de cada um deles o nível de sensibilização para a
indispensabilidade de equilíbrio entre a preocupação ambiental e o desenvolvimento
económico são vitais.
Todas as formas de fundamentalismo serão por nós combatidas, venham elas da função pública,
de organizações não governamentais ou mesmo dos media.
Fá-lo-emos a bem das nossas empresas, mas acima de tudo, a bem de quem vive hoje e quer
viver no futuro nesta região.
Em resumo:
A estratégia que norteará este biénio e provavelmente os próximos está bem definida ao
assentar sobre os princípios de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas que se nos
aplicam integralmente.
O que poderá e deverá fazer a grande diferença é a consciencialização dos associados para a
necessidade de dotar a AHSA de recursos financeiros e humanos que permitam alcançar metas tão ambiciosas.
Este ano constituiu um bom exemplo da tentativa falhada de candidatura a um aviso do SIAC
que nos permitiria promover um diagnóstico do impacto da nossa atividade no território a par
de criar um sistema de produção e controlo de métricas indispensáveis para a tomada de decisão
e sua comunicação.
A exigência de fundos próprios no montante de 20% dos estudos a fazer, inviabilizou a sua realização.
Em sede de apresentação de orçamento e plano de atividades proporemos aos associados as
medidas consideradas necessárias.