INICIATIVAS
Opinião
Entrevista Engº. Carlos Chibeles – ABM
Entrevista
1 – Sentimos um progresso visível na comunicação da ABM aos Associados. Quer comentar?
De facto, a periodicidade das comunicações nas redes sociais e no boletim informativo da ABM tem melhorado significativamente. Reconhecemos a importância de levar as notícias aos regantes e ao público em geral, garantindo uma comunicação mais eficiente e desenvolvimento de uma plataforma on-line – “SIMIRA” – que permitirá aos regantes aceder a informações individualizadas de forma simples e prática. Por meio desta plataforma, os utilizadores poderão consultar dados como: dotações atribuídas, registo dos consumos e fornecimentos, saldo contabilístico, realizar inscrições, entre outras funcionalidades.
Esta atualização mais célere da informação será possível dado que os cantoneiros têm acesso a uma aplicação para o telemóvel, que está também em desenvolvimento, onde farão um registo imediato da água fornecida. Prevê-se que a plataforma esteja disponível no 2º. Trimestre de 2025.
2 – Qual a situação do projeto da estação elevatória?
O projeto da Estação Elevatória continua a aguardar o parecer da Assembleia Municipal.
A atual estação elevatória é provisória e não tem a fiabilidade e versatilidade necessárias para assegurar o fornecimento de água, quer para o abastecimento público quer para a rega, o que será conseguido com uma estação projetada e concebida para o efeito.
É imprescindível um sistema fiável em vários níveis, com capacidade para elevar mais água para nos conseguirmos adaptar mais rapidamente aos picos de necessidade, em consequência de paragens não planeadas do sistema. A nova estação permitirá ainda captar água a níveis mais baixos na albufeira, o que confere maior resiliência hídrica ao sistema.
É necessário melhorar a eficiência, contudo os ganhos de eficiência não serão suficientes para suprir a carência de recursos hídricos, o que significa que precisamos de fontes de água alternativas. Muito dificilmente voltaremos a ter na albufeira as mesmas quantidades de água disponíveis, por esse motivo, temos que nos adaptar às condições que temos, e a concretização do projeto da Estação Elevatória é crucial para isso.
3- Quer arriscar datas previsíveis para a conclusão das principais obras planeadas?
Neste momento existem 4 obras com financiamento aprovado:
As obras de revestimento dos canais, reabilitação do sifão de Baiona e a reabilitação da estação elevatória do Samouqueiro, estão a decorrer e estarão concluídas durante o ano 2025.
A construção dos reservatórios de regularização depende da emissão do parecer definitivo do ICNF, é uma condicionante para a execução da obra que temos de cumprir.
4 – Como vê o projeto de ligação de Alqueva a Santa Clara?
Para manter e desenvolver o potencial de produção agrícola de regadio no AHM, a médio e longo prazo, precisamos de fontes de água que complementem a origem atual, trata-se de uma absoluta necessidade devido aos níveis de precipitação verificados nos últimos anos, os quais se traduzem numa redução muito significativa das afluências à barragem de Santa Clara.
A interligação ao sistema de Alqueva é uma solução que parece perfeitamente exequível, do ponto de vista técnico. Ainda não há confirmação se vai realmente acontecer, que volume de água vai ser transferido, etc. É importante percebermos o volume envolvido, sendo que a efetivação desta ligação é imprescindível para assegurar o futuro a médio e longo prazo para todos os setores que utilizam água de Santa Clara e por conseguimento, para todo o território.
A decisão em avançar com o projeto terá de ser o mais célere possível, pois a obra irá sempre demorar alguns anos até estar finalmente concluída.
Contudo, é também indispensável apostar na modernização rede atual do perímetro de rega, pois trata-se de uma obra dos anos 70, com infraestruturas envelhecidas e um modelo de funcionamento desacuado da realidade atual, nomeadamente no que se refere à escassez de recursos hídricos.
5 – Como avalia a Campanha (ano civil) que está prestes a terminar?
A campanha foi positiva, confirmou-se o esforço por parte das empresas – aumento da eficiência na utilização da água (monitorização, investimentos em retenção). Ainda não existe um balanço se houve menos área plantada em comparação com o ano anterior.
No ano passado, no último trimestre houve mais precipitação em comparação com este ano. Prevê-se que, mesmo com as condicionantes resultantes do clima e o reforço na dotação atribuída, o ano terminará perto dos 12hm3 de consumo previstos.
Relativamente a 2025, a ABM está ciente de que os agricultores precisam de saber a dotação de água para a campanha 2025 com maior antecedência. Está a aguardar apreciação da Tutela sobre este assunto e espera comunicar o mais breve possível.
Salientamos o esforço que tem sido feito por todos os regantes e agradecemos o seu contributo para melhoria da gestão dos recursos hídricos do AHM, pois não é fácil acomodar uma redução 63% face ao consumo médio da década 2010-2020.